sexta-feira, 5 de junho de 2009

Quando o Marketing vira um tiro no pé



Jade chora em entrevista ao falar
sobre a perda de patrocínio.
Fonte: Internet




Marketing é a função empresarial que identifica necessidades e desejos insatisfeitos, define e mede sua magnitude e seu potencial de rentabilidade, especifica que mercados-alvo serão mais bem atendidos pela empresa, decide sobre produtos, serviços e programas adequados para servir a esses mercados selecionados e convoca a todos na organização para pensar no cliente e atender ao cliente. De maneira pragmática significa Mercado. É uma ferramenta administrativa que possibilita a observação de tendências e a criação de novas oportunidades de consumo . Não sendo este limitado aos bens de consumo. É também amplamente usado para "vender" idéias e programas sociais. Técnicas de marketing são aplicadas em todos os sistemas políticos e em muitos aspectos da vida.

Contudo, o efeito dele pode ser interpretado de maneira negativa. O marketing procura o equilíbrio entre a oferta e a demanda, mas pode ser um “tiro no pé” para empresas despreparadas. Às vezes uma ação mal divulgada, uma propaganda com duplo sentido, ou uma decisão negativa tomada pela empresa, podem acabar com a boa aceitação desta pelo público, ou seja, consumidor. O fato está diretamente ligado as medidas tomadas pela marca, ou empresa para agradar, mas é o desagrado que leva ao marketing negativo.

Foi o que ocorreu no caso dos ginastas Diego Hypólito e Jade Barbosa. Em março desse ano, repercutiu na mídia o descaso da CBG (Confederação Brasileira de Ginástica) e do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), que deixou os atletas sem patrocínio para competições, e levou milhares de brasileiros a imaginar o porquê de uma instituição, que deveria ser a principal apoiadora dos esportes nacionais, a ser a primeira a abandona lá. As declarações dadas pelos atletas tornaram-se negativas para a empresa, e para o governo, que saíram como “vilões” e pouco interessados nos esforços dos atletas.

- Eles te usam até o ponto que dá e depois te jogam fora - disparou a ginasta, em entrevista à "Rádio Gaúcha". A ação de abandono para a associação gerou uma imagem negativa, de uma empresa que não se preocupa com o esporte nacional. Jade que sofreu uma lesão no pulso teve de vender camisetas em seu site, para pagar o tratamento.

- É interessante o Comitê Olímpico Brasileiro ajudar todos os atletas antes das Olimpíadas, não só dar uniforme. Acho que deveria haver um investimento maior, porque chega às Olimpíadas e todo mundo quer cobrar medalha. Aí fica difícil – declarou ela.

A associação de abandono com a idéia de uma instituição que deveria apoiar o esporte teve uma imagem destrutiva para o público. Que uma vez formador de opinião pode levar ao fracasso da marca. A empresa ficará sempre associada àquilo que de fato marcou ao consumidor. A ação negativa.

- É triste, mas, no Brasil, já falei várias vezes, valoriza-se só o campeão, o herói. Sou um vencedor, até por tudo o que já passei, mas não creio que vá atrair novas empresas. Talvez só se eu vencer o Mundial - diz Diego em entrevista ao jornal "Folha de São Paulo".

O atleta, que perdeu três patrocinadores em 2008 e atualmente, o campeão mundial no solo possui apenas um patrocínio, da Caixa Econômica Federal, que é recebido através da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG). No caso de Jade, a confederação preferiu não dar declarações, mas se dispôs a custear os gastos, caso fossem procurados pelos familiares da atleta.

Diego e Jade são atletas do Flamengo, mas na situação problemática o clube também não tinha recursos para poder minimizar a situação. No início de 2009, a vice-presidente de esportes olímpicos do Rubro-Negro, Patrícia Amorim, disse ao GLOBOESPORTE.COM o que ocorria com o clube e que parece que a realidade ainda não mudou.

- O momento financeiro realmente é complicado. Em nossa última conversa, o presidente (Márcio Braga) avisou que teríamos um corte de 20% no orçamento. É uma preocupação, mas eu disse que consigo enxugar sem dispensar atletas. Podemos economizar nas divisões de base, fazer menos viagens. Não podemos entrar em desespero, mas é o presidente quem vai decidir. Se ele quiser acabar com os esportes olímpicos, teremos de aceitar - afirmou.

Esta dificuldade de conseguir verba encontrada pelo Flamengo parece ser algo crônico no esporte brasileiro. Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão de clubes de futebol da Casual Auditores Independentes, falou sobre um estudo que mostra uma limitação muito grande para se conseguir dinheiro aqui no Brasil.

- Analisamos alguns clubes (no Brasil) e vimos que a maioria depende das transferências de jogadores para fora do país, cotas de televisão e contratos de patrocínio e de publicidade. Isto não é suficiente - comentou.

Somoggi acredita que o mercado brasileiro precisa buscar novas alternativas de renda, pois o modelo adotado em nossos dias é muito limitado para sustentar um clube. Isto poderia ser levado também para o esporte olímpico, que torna-se mais fragilizado devido ao grau de popularidade encontrado no futebol.




SARAH MONTEIRO DE CARVALHO

Um comentário:

  1. Realmente o assunto esportes olímpicos no Brasil ainda deve ser muito discutido.
    É praticamente inviável que poucos clubes sejam formadores destes atletas, sem nenhum apoio da milionário COB.
    O caso da Jade foi emblemático. O Comitê Olímpico Brasileiro não moveu nenhuma palha para ajudar no tratamento da atleta. Depois quer transformar o Brasil em uma potência olímpica...Parece piada!

    ResponderExcluir