sexta-feira, 5 de junho de 2009

CRÍTICA

David Beckham divulgando marca
Fonte: Internet
Eu não sei se você é igual a mim quando vai comprar uma roupa, geralmente procura uma de marca, pois ela tem uma melhor qualidade, maior durabilidade. Mas como fazer este tipo de escolha se não há um conhecimento sobre o produto. É nessas horas que pedimos a opinião de uma pessoa, conversamos com o vendedor para ver se ele será seguro na resposta e isto nos dará mais confiabilidade, ou então, analisamos o histórico da empresa; não é um estudo detalhado, mas algo que pelo menos nos dê o tempo de vida da loja.

Há uma possibilidade muito comum nos dias de hoje: é a propagação de uma marca. Você deve conhecer alguém que compra o que todo mundo usa ou algo que dê um suposto status de glamour, de superioridade. Isto ocorre porque uma empresa resolve investir o dinheiro que deveria ser usado para a qualidade do produto em prol de deixa-lo como uma marca forte. A blusa desbotar após cinco lavagens, mas se for de grife é o que importa para o usuário e para o fornecedor. O primeiro adquire o que deseja e o segundo vende e ainda deixa uma possibilidade de uma segunda compra, pois o produto não terá uma longa duração.

Essa conversa de marketing, publicidade, propaganda, boa imagem perante o público me faz remeter ao futebol de nossos tempos, principalmente no Brasil. Eu poderia falar de qualquer esporte, porém resolvi focar mais o futebol, que é uma paixão brasileira e até mesmo mundial. Você pode se perguntar onde quero chegar com toda esta conversa. É que o futebol tem feito e criado muitos “craques”, muitas “jogadas espetaculares” ou muitos times “memoráveis”, mas que após algum tempo se desfaz e ninguém mais lembra.

Quem não se lembra do que foi falado do Kerlon, conhecido como Foquinha? Ele mostrou ao Brasil como levar uma bola na testa e impressionou a muitos quando atuava pelo Cruzeiro, mas por onde anda este rapaz hoje? Também não sei. A mídia tem feito muitos craques, muitas promessas. É só lembrarmos do Renatinho, que jogava com o Kaká pelo São Paulo, Lenny, que hoje está no Palmeiras, ou até o Toró, que é reserva do Flamengo. Esperava-se muito deles, mas hoje são jogadores comuns. É preciso entender que sucesso se constrói com o tempo, que não é de um dia para a noite que é fabricado um craque. Mas este mal tem tomado a mídia e os clubes, e isto tem empobrecido o espetáculo do futebol.

Se formos para um time “inesquecível”, é só lembrarmos do Real Madrid dos “Galáticos”. Ronaldo Fenômeno, David Beckham, Luís Figo, Raul, Roberto Carlos e cia, contudo, eles não ganharam algo expressivo, mas se tornarão conhecidos e uma verdadeira sensação na época.

O Beckham, por exemplo, é um bom jogador, sabe bater bem na bola, tem boa visão de jogo, mas creio que ele é muito mais conhecido por ser um garoto propaganda do que mesmo ser um talentoso integrante da Seleção Inglesa. Pergunte a qualquer garota o que acha dele. As respostas serão em torno de lindo, charmoso, etc.

Não sou muito velho, mas percebi este tipo de comportamento depois que houve uma invasão de empresas nos clubes. Da década de 80 para trás não havia patrocínio e marketing nos clubes, apenas o fornecedor de material esportivo. Na Europa havia um alto faturamento, mas era devido as boas ações de mandatários do futebol e o futebol bem jogado era visto em muitos cantos do Planeta. Craques como Zico, Platini, Romário, Van Basten e clubes como o Milan do final dos anos 80, do São Paulo de Raí, do Flamengo de 1981 são e serão sempre lembrados por seus feitos memoráveis. Algo que foi construído ao longo dos anos, sem estas empresas e seus homens fortes que fazem do futebol algo lucrativo, mas que se deteriora a cada dia que passa.

Sou contra o lucro no futebol? Sou contra o investimento em marketing e propaganda? Não, de maneira nenhuma. Só gostaria de ver o velho futebol alegre e contagiante que me deixava por horas falando em grandes jogadas, passes geniais, gols de placa. Tudo isto foi trocado por cifras nababescas que os jogadores levam e os clubes ganham nas transações, ou fala-se do retorno de Ronaldo ao Brasil como mais uma cartada muito inteligente do Corinthians e não na possibilidade de títulos que o Clube do Parque São Jorge pode conquistar. Eu fico chateado quando vejo a camisa do glorioso Timão repleta de patrocínios, mas um dinheiro que não é bem empregado em melhorias para as divisões de base do clube.

Todos precisam entender que o futebol é movido a paixão e que se há um excesso de dinheiro no negócio, a coisa fica do jeito que está. Todas as meninas sonham com um príncipe encantado, que tenha muita grana para dar uma vida de conforto, mas como há paixão, ela fica de lado e passa a se ater mais nos bens materiais. É isto que o nosso esporte precisa, ter uma atenção maior com o apaixonado torcedor brasileiro, que acorda de madrugada para ver as Olimpíadas ou lota estádios na esperança de ver seu clube de coração.

Lembro algo óbvio: não haverá um outro Pelé, outro Maradona, ou um Real Madrid de Di Stefano renascendo das cinzas. O que há de tendência nestes novos tempos é a marcação por ter sido o jogador ou o clube que mais faturou dinheiro em 2009, que as ações na bolsa tiveram uma valorização de 10%. Não culpo apenas o marketing, mas atribuo a ele uma boa parcela de culpa por não criar novos talentos.

Falo novamente que não sou contra melhorias, investimentos, patrocínios em camisas, jogadores que vendam uma boa imagem, crescimento esportivo, mas gostaria de ver um esporte melhor. Algo que não deixe os ginastas Diego Hypólito e Jade Barbosa pedirem “esmolas” para poder continuar suas batalhas. Não quero mais ver um jogador mediano ser vendido por 50 milhões de euros, pois ele será um grande e lucrativo investimento. O que eu mais almejo ver em todas as camisas de futebol, em todas as mentes dos jogadores e nos olhos da torcida é a seguinte imagem: FUTEBOL ARTE.



JOSÉ HAROLDO DE OLIVEIRA

2 comentários:

  1. Falou e disse.
    O futebol de hoje em dia virou um verdadeiro show business. O verdadeiro encanto do futebol ficou de lado e o que importa são as cifras, marcas e publicidades.
    Quanto à questão levantada é por aí mesmo...Jogadores medianos, que em uma ou duas partidas fazem grandes jogadas, já são logo taxados de craque.
    A bolsa do futebol dispara a cada drible. Cada jogada e cada gol, significa alguns milhões de euros ou dólares a mais no passe do indivíduo.
    Quem acompanha futebol a algum tempo poderia imaginar que o Felipe Melo seria titular e valer R$ 50 milhões??? Não que ele seja ruim, mas está supervalorizado nesse futebol-negócio de hoje em dia.

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  2. COM CERTEZA!!!
    O FUTEBOL VIROU NEGÓCIO!!!
    HOJE MESMO VI UM COMENTARISTA ESPORTIVO DIZENDO QUE, CERTA VEZ, UM DIRIGENTE APONTOU PARA O ÔNIBUS DOS SUB-"ALGUMA COISA" E DISSE QUE ALI IA UM CARRO FORTE!!!
    OU SEJA, OS DIRIGENTES E EMPRESÁRIOS SÓ PENSAM NO RETORNO FINANCEIRO, NO MARKETING, NO BUSINESS...

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